Editora: Conrad
Páginas: 105
Sinopse: Joe Sacco mais uma vez retorna a Sarajevo. Ao contrário de suas outras obras, onde o foco estava em várias pessoas, em "Uma História de Sarajevo" (Conrad, 2005), o fio condutor é o guia da capital, Neven, um sujeito a beira da loucura e um tanto explorador, personificando muito daquela cidade destruída física e moralmente pela guerra.Todas as nuances do conflito, fornecida pela multifacetada origem étnica e religiosa de Sarajevo, encontram um catalisador em Neven, que se juntara ao exército iugoslavo como francoatirador, adquirindo preconceitos e opiniões que colocam o leitor a par da complexidade que envolve aquela pequena região do planeta.
Joe Sacco nasceu em Malta, mas passou boa parte de sua vida nos Estados Unidos, onde fez jornalismo. Viajou o mundo investigando as causas das guerras. Seu trabalho como jornalista em Israel e Palestina, deu origem à obra Palestina - Uma nação ocupada e na Bósnia lhe rendeu o livro Uma História de Saravejo e Área de Segurança Gorazde.
Sacco desenvolve sua narrativa a partir do jornalismo em quadrinhos, em que une suas investigações jornalísticas, relato de pessoas que conhece em suas viagens, história e geopolítica.
Em Uma História de Saravejo, a trama sobre a guerra da Bósnia é construída principalmente pelos relatos do personagem-guia, Neven, um ex-militar que Sacco conheceu em sua viagem para Saravejo já no final da guerra,em 1995, quando a cidade já não atraía o mesmo contingente de repórteres e jornalistas.
Para entendermos melhor essa HQ, precisamos retroceder um pouco e compreender a Bósnia no contexto da Guerra Fria.
Pois bem, a guerra da Bósnia está relacionada à fragmentação da República Socialista Federativa da Iugoslávia, formada em 1945 e comandada por Josip Tito. A Iugoslávia era composta por oito unidades federais: Macedônia, Eslovênia, Sérvia, Montenegro, Croácia, Bósnia, Kosovo e Vojvodina.
Mesmo com uma diversidade religiosa, incluindo católicos, cristãos ortodoxos e muçulmanos, com Tito no governo esses diversos grupos étnicos e religiosos conviviam de maneira pacífica. Após a sua morte,somado os problemas socioeconômicos e o enfraquecimento da URSS, aumentaram os conflitos entre os grupos e favoreceu o fortalecimento de movimentos separatistas.
Mesmo com uma diversidade religiosa, incluindo católicos, cristãos ortodoxos e muçulmanos, com Tito no governo esses diversos grupos étnicos e religiosos conviviam de maneira pacífica. Após a sua morte,somado os problemas socioeconômicos e o enfraquecimento da URSS, aumentaram os conflitos entre os grupos e favoreceu o fortalecimento de movimentos separatistas.
Os primeiros países a declararem a independência foram a Macedônia, Eslovênia e Croácia, em 1991. Em 1992, a Bósnia também declara sua independência, mas a Sérvia, que cobiçava formar um país que unisse sérvios de todas antigas unidade federativas da Iugoslávia, não reconhece a autonomia e invade o novo país promovendo uma limpeza étnica semelhante a de Hitler.
As principais motivações para esse conflito foram fatores econômicos, políticos e religiosos, neste caso, destaca-se três grupos atuantes: os muçulmanos bósnios, os cristãos sérvios e os católicos romanos croatas.
A guerra chega ao fim em 1995, quando os sérvios assinam o Acordo de Dylon. Estima-se que houveram aproximadamente 200 mil vítimas, 40 mil casos de estupros e extermínio de vilas inteiras.
As principais motivações para esse conflito foram fatores econômicos, políticos e religiosos, neste caso, destaca-se três grupos atuantes: os muçulmanos bósnios, os cristãos sérvios e os católicos romanos croatas.
A guerra chega ao fim em 1995, quando os sérvios assinam o Acordo de Dylon. Estima-se que houveram aproximadamente 200 mil vítimas, 40 mil casos de estupros e extermínio de vilas inteiras.
Nesse contexto histórico que Sacco desenvolve sua obra. A imagem do país devastado é dada pelos relatos de Neven e de cidadãos marginalizados, vítimas do conflito. Neven dá informações sobre as principais lideranças políticas, grupos paramilitares envolvidos na guerra, dá enfase e defende o que julga ser a principal característica do país, a pluralidade étnica.
Além desse temas, explora a questão da identidade cultural do país, a omissão e incapacidade de organizações como a ONU intervir na guerra e a atuação da mídia sobre a desgraça do povo bósnio, que atualmente tornou-se um fato esquecido pelos mesmos meios de comunicação que faturam milhões com os massacres nos anos 90.
Pretendo aprofundar nesse contexto histórico e reler o livro após ler Área de Segurança Gorazde, do mesmo autor e sobre o mesmo tema, mas que aborda os antecedentes da guerra. Espero encontrar as mesmas características que encontrei nesse, a forma que o autor aproxima o leitor do cotidiano das pessoas daquele local, deixando a obra muito mais humana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário